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Em comemoração ao Dia Internacional dos Povos Indígenas, celebrado nesta segunda-feira (9), a Ambiental MS Pantanal – empresa de saneamento criada a partir da Parceria Público-Privada (PPP) entre a Sanesul e o Grupo Aegea – entregou centenas de mudas de espécies típicas do Pantanal e do Cerrado à Organização Caianas, em Miranda-MS, para a revitalização de nascentes da região da Bacia do Paraguai.
O plantio de parte das mudas aconteceu no último sábado (7) na Aldeia Babaçu, terra indígena de Cachoeirinha, onde as atividades agrícolas do povo Terena que ali habita foram duramente afetadas pelas queimadas recordes no Pantanal no ano passado. Os incêndios resultaram em chuvas ácidas e de fuligem, que prejudicaram a colheita de frutas e verduras que seriam destinadas ao sustendo das famílias.
Outra parte das mudas, que inclui espécies frutíferas, será distribuída entre aldeões da Terra Indígena de Cachoeirinha, onde habitam cerca de 6 mil pessoas da etnia terena.
“O plantio dessas espécies é muito importante para nós, porque as queimadas do ano passado afetaram bastante nossa colheita”, conta Seu Sebastião, morador da aldeia Babaçu. “Com as chuvas ácidas, as mexericas e melancias que plantamos para nosso sustento ficaram queimadas, e as verduras também… perdemos muito”, lamenta.
Sebastião explicou ainda que o plantio de mudas também deve beneficiar a fauna local, uma vez que a devastação ocasionada pelas queimadas tirou o sustento de muitos animais do Pantanal que ali habitam.
Foram entregues pela MS Pantanal mudas de cerca de 20 espécies como jacarandá, cagaita, ipê, pitanga, araribá, pacuparí, xaixarú, fruta do conde, entre outras. A ação foi realizada em parceria com a ONG Comitiva Esperança, de Campo Grande.
Proteção das Nascentes. Na cultura Terena, acredita-se que as nascentes dos rios são protegidas por uma figura sagrada chamada Voropí, descrita como uma serpente multicolorida.
Anciões e moradores locais contam que o Voropí já foi avistado algumas vezes pelos Terenas antes das atividades de monocultura afetarem o sistema hídrico da região e espantá-lo dali.
De acordo com o coordenador da Organização Caianas, Leosmar Antonio, morador da aldeia, quando o equilíbrio do sistema hídrico é afetado pela ação predatória dos homens, acredita-se que o Voropí abandona o local em busca de regiões com melhores condições e matas preservadas.
Desde 2005, a Organização Caianas luta pela revitalização das áreas de nascentes, com o objetivo de recuperar áreas verdes depredadas pela ação humana.
Dia Internacional dos Povos Indígenas. Celebrada no dia 9 de agosto, a data foi instituída pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1994, com o intuito de lembrar a humanidade sobre os séculos de exploração sofridos por povos indígenas de todo o planeta.
Um dos principais objetivos da declaração é garantir a autodeterminação dos povos indígenas, sem que sejam forçados a tomar qualquer atitude contra sua vontade, buscando livremente seu desenvolvimento econômico, social e cultural.
Pessoas de diferentes nações são incentivadas a participar da comemoração do dia para divulgar a mensagem da ONU sobre os povos indígenas.
Organização Caianas. Criada em 2005, a Organização Caianas nasceu em Miranda com a missão de resgatar e manter vivos os costumes e tradições do povo Terena, através de seminários, ações ambientais, projetos educativos, ampliação de áreas agroflorestais e mapeamento de árvores nativas no território indígena.
Durante a pandemia de Covid-19, a Organização Caianas também vem buscando fortalecer seus processos de produção de alimentos saudáveis e locais, para a garantia da soberania alimentar das famílias.
O nome Caianas é uma referência aos “Kayanás”, segmento da estrutura da organização tradicional Terena, composto por sábios e intelectuais do grupo. Kayá significa cérebro na língua Terena.
O nome da organização também é um acrônimo para Coletivo Ambientalista Indígena de Ação para Natureza, Agroecologia e Sustentabilidade.