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No último sábado (22) a Organização Caianas – criada com a missão de resgatar e manter vivos os costumes e tradições do povo Terena – distribuiu mil mudas de espécies frutíferas a famílias do território de Cachoeirinha, no Pantanal sul-mato-grossense.
A ação faz parte de um projeto de segurança alimentar junto às comunidades de Miranda (MS), município localizado a 200 quilômetros de Campo Grande. Participaram do encontro representes de cerca de 80 famílias indígenas, da aldeia Cachoeirinha.
Reunidos, os moradores participaram de um bate-papo sobre a importância de preservar o hábito da alimentação natural e aprenderam técnicas de plantio para que as mudas cresçam saudáveis.
De acordo com a nutricionista Cynthia Naito, da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) do polo de Miranda, obesidade, diabetes e hipertensão são as doenças de maior incidência nas comunidades indígenas locais.
Ela explica que, por conta da proximidade com a área urbana, indígenas têm adotado, cada vez mais, hábitos alimentares pouco saudáveis, recorrendo a alimentos baratos e de baixo valor nutricional. “É muito comum ver crianças indígenas se alimentando, basicamente, de salgadinhos, macarrão instantâneo e refrigerantes, que são mais acessíveis e carregados de sódio e açúcar, resultando no aumento da incidência de doenças relacionas à obesidade”, disse.
Cacique da aldeia Cachoeirinha, Edivaldo Antônio, lembrou das palavras do avô sobre a importância do plantio para a segurança alimentar da aldeia. “Meu avô dizia que era importante plantarmos nosso próprio alimento para que não falte para os nossos filhos e netos”.
As mudas foram doadas pela empresa de saneamento Ambiental MS Pantanal, controlada pelo Grupo Aegea. O projeto contou ainda com o apoio da Sesai e do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (PrevFogo), ligado ao Ibama.
Organização Caianas. Criada em 2005, a organização promove seminários, ações ambientais, projetos educativos e a ampliação de áreas agroflorestais, bem como o mapeamento de árvores nativas do território indígena.
O nome Caianas é uma referência aos “Kayanás”, segmento da estrutura da organização tradicional Terena, composto pelos sábios e intelectuais do grupo. Kayá significa “cérebro”, no idioma Terena.
O nome da organização também é um acrônimo para Coletivo Ambientalista Indígena de Ação para Natureza, Agroecologia e Sustentabilidade.